terça-feira, 14 de dezembro de 2010

só mais um.

Só mais um cigarro, por favor.
Meu pulmão não deixa mais, minha alma pede paz.
Mas o vício pede mais.
Pede.
Pede.
Só mais um.
Um não faz mal.
Não faz mal.
Faz mal.
Mal.
Mal pra mim, mal pra eles.
Pensar que isso tudo começou com amigos, sorrisos, no meio de bares.
Os sorrisos foram os primeiros a irem embora, os amigos foram em seguida.
Um cigarrinho na mão.
Só um, com a vontade de querer mudar.
Mas tentar mudar, não muda nada.
Cigarro no chão.
Minha mão na tua e a vontade de parar continua.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

insônia.





Amiga e inimiga que me acompanha todas as noites.
Não importa como eu esteja, como eu me sinto, sempre ao meu lado.
Querida amiga, que não me deixa acordar e nem me deixar sonhar.
Querida inimiga, que faz meu corpo pesar, minhas pálpebras mudarem e aos poucos me transforma em algo que não sou.
Consumida por ela.
Eu me torno aos poucos o seu desejo.
Louca, insana, perturbada.
Vivendo com os olhos abertos nessa noite em que muitos sonham.
Como uma coruja.
Como um morcego.
Viro animal da noite, não procuro a próxima vítima, apenas uma das opções.
Acordar.
Sonhar.
Uma delas, por favor.



domingo, 5 de dezembro de 2010

desconhecido.

Com seus olhos negros, ele ficava a olhando, esperando por uma resposta.
Nem que fosse um sorriso, um aperto de mão.
Ali estavam duas pessoas que poderiam passar a vida toda brincando naquele jogo de adivinhação, sem saber o que se passa nos pensamentos do outro.
Funcionou até ela enxergar o que realmente tinha por trás daqueles olhos negros.
Olhos que traíram
Olhos que fez sofrer.
Olhos que machucam só de olhar.
Olhos que até hoje recusam em olhá-la de novo. A menina continua traída, sofrendo e machucada, mas não tem a felicidade que teve só em olhar o desconhecido.
Ela gosta do desconhecido.
Ela gosta dele.
Ele é o desconhecido.